domingo, 7 de junho de 2009

Os últimos romances



Há quem procure um amor para vida toda, e não me excluo dessa posição, mas aprendi desde criança a não cometer abusos, querer a perfeição toda para mim e então devorá-la, seria uma mistura de gula, soberba, vaidade e egoísmo. Se quem procura acha, e só se procura o que está perdido, procurar, então, me parece impróprio, não quero alguém que esteja perdido nesse mundo, quero alguém encontrado, ninguém se perde por acaso, os perdidos não se atentam ao caminho e ao que passa. Notei então, que o ser passível de ser eterno me viria em parcelas, como se a minha alma gêmea tivesse caído nesse mundo, sem nenhuma idealização ou poesia, chegara até mim em um tombo desajeitado, e se partido em dezenas de pequenas almas, almalóides, pedaços da alma que me parece perfeita. E cada almalóide se fez um homem. Distribuído a esmo e à gosto pela minha história, e tive que cativar e conquistar cada uma dessas almas perfeitas, pois, há de existir merecimento, o bem vem para os bons e meu amor eterno se distribuiu em personagens e minha história de amor em capítulos: em um momento encontro confiança e respeito; em outro segurança; em outro intermináveis motivos para sorrir, dançar, pular, escrever; em outro um tesão inexplicável; outro a inteligência, esperteza, e perspicácia que me encanta; em outro uma mudez que me diz tudo que quero ouvir; outro boniteza sem beleza, outro beleza sem boniteza, outro me dá as aventuras que nem minha mente aventureira planejou; outro que me surpreende, que me renova, me desdobra; outro tão meu avesso que me faz o ser mais completo e com todas as faces da humanidade que aprecio; outro que sou toda instinto, naturalmente animal; outro que me faz sofrer, chorar, conhecer todo o azedume da dor, e como ninguém saber degustar cada segundo do doce em meu paladar; outro que me manda flores; outro que concorda; outro que discorda; outros... Uns podem me doar sua perfeição em uma noite, outro levar anos para isso, mas a intensidade independe do tempo, assim como o papel cumprido em uma história. Não haverá quem diga que não encontrei o amor eterno, pois, em nenhum momento terei me afastado dessas sensações, haverá todo o tempo adrenalina, feniletilamina, "paixãozina" percorrendo meu corpo por dentro, e por fora suor, rubor nas maçãs do meu rosto, e minhas pupilas dilatadas. Amarei incansavelmente cada um desses homens, e no fim da minha vida poderei dizer que encontrei um amor para a vida toda, pois, a vida toda soube amar o melhor que cada um dos homens que passaram tinham a me oferecer, e agradecerei ao acaso por ter me entregado minha'lma gêmea em parcelas, logo que, se me viesse de uma só vez, poderia ter me perdido em todas as suas faces, e deixado de enxergar cada uma das suas expressões, talvez não fosse capaz, na minha posição humana, de não pecar, de não permitir que a minha gula devorasse rapidamente a delícia que é a paixão. Pude então degustar calmamente cada pedaço do que me alimentava, e amando aos pouquinhos pude ser justa com todas as formas de amor, me dando, e o recebendo, pouco a pouco, com a tranquilidade de um idoso, e a intensidade de uma criança, e no fim, se é que ele chegará, feliz sou por não saber se o amor é findável, terei amado para sempre, não todo o amor que houver nessa vida, mas todo o amor que houver em mim.

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