Quis lhe dar um título perfeito,
titular perfeição na nossa mistura e nos ver em solução...
mas você é intitulável.
Quis lhe dar o vento, a ventura, aventura,
e aventurada fui quando descobri aventura no vento criado por seus movimentos.
Quis lhe dar um presente caro, e encarei o desafio
de lhe mostrar minha cara limpa, cara suja, cara amassada, descarada.
Quis lhe dar o arco-íris, e ofereci meus braços,
que arqueados lhe cabe de maneira exata.
Ofereci a íris dos meus olhos,
uma dupla fiel que insiste em lhe ver até em minhas pálpebras.
Uni, então, ver e tocar com um traço de mudez que tudo diz.
Então me destrinchei em sete cores,
reflexos vermelhos da minha alma,
que vez ou outra desbota-se laranja
ao conflitar com minha pele amarela,
fora invadido pelo indesejado verde-esperança,
e minha racionalidade azul, deparada
com a vontade viole(n)ta de lhe sentir,
se tornou insignificantemente anil.
Quis lhe dar o céu, e ofereci o da minha boca,
palavras, sorrisos, silêncios, e seu sabor.
Quis me dar a você, mas não me encontrei,
perdi minha cabeça e minha mente levitou,
lá de cima nada compreendia ao me ver fragmentada:
meu coração saíra pela boca e pulsava desenfreado,
meus pés estavam no ar, meu estômago na garganta,
e do meu peito dilacerado saíam borboletas eufóricas.
Quis lhe dar coragem, mas só tinha medo.
Queria lhe dar um radinho de pilhas,
com a esperança que, mesmo sem energia,
tocasse aí a canção que tocou cá.
Criei nós que só tinham força na minha ilusão,
quiçá eu soubesse dar um nó de marinheiro nas sensações,
para amarrar à você algum encanto válido que me mantivesse,
no seu desejo, na sua rotina, na sua procura.
e entre tantos nós desfeitos,
restou apenas um cego nó na garganta.
domingo, 28 de junho de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário