quarta-feira, 15 de agosto de 2012

[URGENTE] Qual o SAC de Deus? Para onde envio minhas reclamações?
Minha mente veio com problemas e meu destino sem garantia.
E o mesmo cara que me pôs nessa furada, agora tenta me vender o paraíso.

Átomo

Haveria de aceitar que no fundo todo mundo é um pouco triste e um pouco só, mas como ser vida nesse vácuo em que me percebo, nessa solidão atômica, nessa existência inevitavelmente isolada? Minha única companhia: a angústia. A todo momento travando longas conversas incompreensíveis da minha pele para lá. Uma alma silenciada, perturbada apenas pelo grito de um peito rouco: de sonhos tão desacreditados, de sonos tão calados e de tantas urgências, agora cansado e envelhecido. 
Se são os sonhos que alimentam a juventude, a ausência deles é o presépio da morte. Vejo assim a vida por um fio, será o fio vermelho que desativa esta bomba? Será este o último suspiro deste micro universo energético e destinado a autodestruição? Sinto minhas renegadas esperanças serem destruídas poeticamente pela oportunidade de enxergar, de colorir o invisível, de tornar perceptível o oculto, e descobri-lo uma arma apontada para meu peito que, desde sempre desesperado, descobre um misto de alívio, arrependimento e uma última esperança fora de hora. E somente agora ouço um grito, não propriamente meu, mas vindo de mim - eis a última morte em meu peito - e enquanto definha, meus olhos refletem um céu azul e minha pele sente o calor de um dia bonito. 
Nem mesmo o céu chorou.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Divagações


O homem que diz amar todas as mulheres não ama nada além de si próprio e do prazer egocêntrico que a conquista traz. Amar outra pessoa é se redescobrir em outro corpo, em outra vida. É olhar o mundo por outros olhos, é tocar por outras mãos, é sentir-se fora de si. Amar outra pessoa é mais que amar a si próprio, é amar a pessoa que você se torna.
Amar todas as mulheres é vaidade, é curiosidade, é sentir-se perdido, é solidão compartilhada. E é bonito também, porque não? Mas, amar uma única pessoa é desesperadamente belo, é um turbilhão de encontros com seu íntimo desconhecido, é descobrir novos risos, novos choros, novas angústias e, sobretudo, é descobrir novas formas de se ser, na alegria ou na tristeza, livre para se ser. Não mais jogos, não mais buscas, apenas incansáveis encontros e descobertas. Só o amor nos torna capaz de ser feliz até nos dias tristes.

Hoje não toca Raul


Todas as maçãs são iguais, dizia Raul. Assim como todos os homens são iguais na condição de humano. Mas, tal qual a maçã, há uma grande diversidade de cor, textura, sabor. Só um bom apreciador sabe o que é salivar para uma maçã só por lembrá-la. Verdinha feito folha jovem, ou naquele tom de vermelho ideal, rajada, lisinha, com uma textura única. Sejam as azedinhas, as mais doces, as macias, as duras, quase a ponto de ferir quando nos toca a boca. Básicas, amarrantes, suaves.  Têm quem prefira ela mais madura, há quem goste ainda jovem. Há até aqueles que não gostam de maçã, preferem outra fruta. Há os malucos que parecem não gostar de fruta alguma. Mas, dentre os apreciadores, insisto que cada um sabe bem a maçã que lhe enche a boca d’água. Na fruteira, de fato, podem ser muito parecidas, e a maioria muito passíveis de matar a fome imediata e dar certo prazer momentâneo, mas, basta levá-la à boca, sentir seu sabor, para saber que está provando algo mais que gostoso, quem provou Aquela maçã no ponto, do tamanho da sua fome, sabor gostinho-de-quero-mais, há de concordar que não, todas as maçãs não são iguais.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Torre de Babel


Que estranhas formas a vida tem se expressar. Meu coração, angustiado e cheio de urgências, não compreendia os estranhos desfechos de seus encontros, lamentava e sofria cada vez que lhe roubavam a paz, admitindo uma postura de vítima diante de seu brincalhão, quiçá sádico, destino.
Chegou a descrer de deus, dos homens e até de si mesmo. Seria seu destino, seriam os homens ou estaria ele em busca que não há e não cabe em um coração humano?
Mas ele sentira tal sensação outrora em sua vida, seria então demasiada vaidade pensar que eu sou a única capaz de ter tantos sentimentos doces dentro de mim, que apenas eu tenho um coração capaz de abraçar outro e que só eu tenho profundidade suficiente para abrigar outra alma.
Poderia deus ser tão criativo a ponto de me fazer única? Estaria deus empenhado em fazer tantas combinações incomunicáveis? Estaríamos nós em uma Torre de Babel moderna onde os homens já não se compreendem e não se comunicam entre si e com o universo? Deveria eu aceitar o caos?
Talvez essa seja uma opção, mas jamais para quem provou do que é belo. Para essas pessoas todas as aberrações do nosso universo apenas representam uma forma (até triste ou angustiante) de reafirmar a beleza, o feio nos dá força para buscar e representa uma perspectiva de futuro. A beleza necessita do feio para se estabelecer, para nos inspirar a buscá-la, construí-la e ansiá-la, até mesmo sob uma perspectiva nostálgica, sentindo falta daquilo jamais vivido, mas que é deveras vívido em nossa imaginação, e que estarão eternamente presentes em nossas cartinhas ao Papai Noel ou em nossas preces para deus.
Vejo hoje minha vida como um jardim, onde tantas coisas já nasceram e morreram. Sofri, sofri muito cada vez que o tempo trouxe um vento forte que algo por aqui destruiu, e me indignei com os meninos bobos que fizeram estragos com suas brincadeiras inadequadas. Mas, tudo que morre fortalece meu jardim, basta jamais cimentá-lo e novas flores hão de vir.
Se tem algo que aprendi com as flores é que não importa o quão efêmeras elas sejam, são sempre belas. Não importa o odor fétido ou os espinhos que por ventura carreguem, a fragilidade ou a força que possuam, hão de ser sempre bem quistas a um jardim.
E depois de tantas mortes, hei de me encantar profundamente com o que durar, e regá-lo, cuidá-lo, protegê-lo, até que se torne uma grande árvore - forte e pouco abalável - onde irei repousar sobre o conforto de sua sombra fresca  e hei de me alimentar de seus frutos.
Há de chegar aquele encontro que justificará todas as partidas.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Em outra encarnação...

"O que eu quis da vida? Amor, filho, casa, cachorro, vizinhos cordiais, amigos sinceros, sucesso no trabalho... as vezes eu acho que pedi muito. Outras vezes eu acho que eu pedi da vida o que todo mundo quer. A vida me entendeu. E mesmo assim... ai meu Deus... o que que tá faltando pra eu ser feliz? O que tá faltando é ser diferente do que eu sou. É não ter tanto medo. Pareço muito corajosa. Todos me acham uma mulher forte, uma mulher que sabe o que quer... num é nada disso, vivo apavorada. Acho que o problema é que eu me defendo muito, deve ser isso que atrapalha. Me defendo do amor que as pessoas me dão, que meu filho me dá. Meus pais meus amigos, eu sempre, sempre me defendí. Até mesmo do André, que só me dava amor. Amor. Não sei ainda não tenho certeza absoluta mais acho que estou me apaixonando outra vez. Como eu queria amar sem me apaixonar ... sem sofrer por amor mais eu não consigo. Eu nunca vou conseguir amar com calma. Sou passional em tudo que sinto, tudo que faço."

Maysa