domingo, 29 de novembro de 2009

Domingo

O homem que mais quis foi o único cuja ausência de nada me serviu. Dos que passam algo sempre fica, nem que seja a insignificância da sua passagem, e a compreensão do vazio que sobra. De cada um fica a possibilidade de combinar palavras, e ele, foi o único homem de quem não consegui escrever, a não ser sobre a falta do que escrever.
Talvez ele seja um tanto assim. Inútil escrever do não escrever. Inútil amar o desamor. Inútil querer o que não quer ser quisto. Mas a poesia nos permite.

Como paralelas que se cruzam
como meio e dois somaram treze
como chamar solidão de liberdade
fomos assim, um absurdo.

Resta ainda uma memória viva
(de um passado morto),
um buraco negro em meu peito
onde tudo que adentra se desfaz
e a pequena princesa em seu grande planeta
não consegue cultivar sequer uma rosa.

Aos domingos sou um tanto mais triste.




A desenhei em minhas pálpebras
e dormir agora dói.
Minhas lágrimas
não a apaga,
não a afoga:
irresistível sua imagem a dançar sob a chuva.
Com


bom

Con
fe
sso:
cético

A.A. - amantes anônimos.

Carrego um sentir dependente
de doses diárias de razão
a fim de a n e s t e s i a r minhas emoções.
Quando a novidade se fez necessária
e o prazer do auto-controle se fez pequeno
encontrei você:
droga pesada, química viciante.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Hoje acordei breguinha

Hoje acordei mais tarde, a cama tava boa demais. Coloquei na cara o meu melhor sorriso, e um brilho em cada um dos olhos. Vesti um manto de leveza, e calcei passos tranquilos. Meu corpo saiu a exibir pelas ruas a alegria que carregava em suas costas. Hoje acordei para você. Vi você segurando a lua lá no alto, e depois correndo para acordar o sol preguiçoso, é, o calor da uma moleza, bem sabe os nossos corpos. E depois ensinou aos pássaros a mais bela canção, e pediu aos seus dedos que ensinassem ao vento como passar de leve, me provocando arrepios que logo lhe lembrariam. Deu sua saliva para matar minha sede, e sua carne para a minha fome. Depois seu carinho como sobremesa, e uma breve saudade para alimentar minha tarde. Uma amiga veio me perguntar onde comprei minhas roupas. Respondi que vinha cultivando algodão, e suportando pragas em minha plantação, e agora tecia a mão o manto que vestia, e tinha inspiração para esculpir o sorriso que exibia. Hoje acordei para mostrar o sorriso que lhe fiz.

tele, muito tele.

Dedicado à Maurício
 
De repente, sob o sol, senti um leve frio: ele havia trocado de telefone. Mudara o número que eu havia decorado, e que durante tempos digitei, meu disk-amor e, que mesmo depois do fim, eu lembrava ainda. Mas agora, o número me fugira da memória, e eu não entendia o porquê: ele não mais existia. Fora apagado então, meu último resquício de nós. Entre tantas coisas que foram deletadas, nem esse breve apego me restou. Ficou apenas a lembrança de certas sensações, histórias e estórias, e a dor da perda: 4363-3397.

domingo, 22 de novembro de 2009

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Feliz é a tristeza.

Dedicado a alguém que está por vir.

Em minha infelicidade discreta, minha melancolia é quem sorri, a fim de proteger minhas pequenas alegrias chorosas, selecionadas com minúcia, e enganar os olhos cardíacos e gordos que não suportariam a beleza dessa minha alegria contristada. De certo sentiriam palpitações ao se aproximarem desse contentamento receoso que, por não subestimar a efemeridade dos risos, e as enfermidades recorrentes, são alegrias de vida longa, cheias de curativos e cicatrizes, mas das quais jamais desisti e as enterrei. Não quero colecionar alegrias, nem renová-las. Quero cultivar cada riso que tão intensamente escolhi, seria deveras triste me perder entre os risos fáceis dos homens felizes, que encontram beleza nas coisas simples, e motivos para sorrir em cada mínima coisa. Tenho orgulho da minha infelicidade crônica, e até gosto de enxergar um mundo tão feio, com pessoas tão feias e de energia tão pesada. E dessa maneira me ativam os brios encontrar alegrias em um mundo triste, e beleza em meio a tantas visões desagradáveis e uma pessoa como você, entre tantas desnecessárias.