quarta-feira, 24 de julho de 2013
Eu e o meio
Não sou uma pessoa de fé. Não acredito em criação. Não sei
modelar sentimentos em barro e dar vida a esses em um ato sobrenatural. Acredito
no que eu vejo, no que ouço, no que toco, e humildemente, no que sinto. Há quem
me considere complicada, mas considero essa a mais simples das formas de ser.
Difícil é o que me pedem: que crie um tudo com um nada. Que componha estórias e
histórias, com início, meio e fim, baseadas em fantasias.
segunda-feira, 15 de julho de 2013
Suporte
Não suporto pensar em sua
partida. Sei que cedo ou tarde haveria de vir, mas, doi que me faça pensar nela
assim, tão cedo, tão inesperadamente.
Não suporto que parta lentamente.
Dia após dia, sem me avisar que se afasta. Sigo lentamente os passos seus,
enquanto você busca um novo rumo e segue a passos largos, tão maiores que os
meus. E assim me faz acreditar que eu lhe perdi, enquanto fugia sorrateiro de
mim.
Não suporto que suporte essa
distância, enquanto ao seu lado nossas forças me proporcionavam um equilíbrio perfeito,
agora, sozinha, me sinto em uma corda bamba. Não suporto lhe ver correndo livre
pelos campos, como se finalmente encontrasse a liberdade tão procurada, como se
eu tivesse lhe roubado os campos, o cheio da terra, e o sol em sua pele.
Não suporto participar da sua
partida. Se for para partir: vá, cuspa no chão, bata a porta e diga que foi
tarde. Que ficará bem melhor assim. Não faça parecer que fui eu quem lhe tirou
da minha vida.
Não suporto que eu queira a sua
partida. Depois de controlar todos os meus quereres, nem esse me restou. Você
me define, me controla, e faz com que eu solte as suas mãos. Como se eu quisesse,
como se eu suportasse.
Não suporto que eu não suporte
toda essa sua indiferença ao que se esvai. Se amor já não me dá, como posso
querer qualquer outra coisa sua? Deveria ser fácil partir quando o amor chega
ao fim. A lembrança sempre é viva. O presente acabou. Ao futuro resta apenas o
que passou, e isso ninguém nos tira, porque tanta infelicidade então?
Você fez com que eu lhe abrisse
as portas, quando só queria lhe colocar para dormir. Dei um beijo de adeus no
lugar daqueles de bom dia. Disse vá, bati a porta e esbravejei que fora tarde. Mas,
apenas queria que viesse, que ficasse, que estivesse um dia mais.
Assinar:
Postagens (Atom)