quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Meu último lovesong

Não se espante se, de repente, minha vida prosseguir
se, de súbito, ver em meu rosto um sorriso sincero.
Perdoa se com outro eu me divertir
ou se ver em meus olhos um brilho de esperança:
É que venho me dedicando à vida sem você.

Não tenha ciúmes se por você eu não mais sofrer
nem tenho a pretenção de lhe esquecer,
mas tenho que me acostumar com a sua ausência.

Meu coração, sendo seu,
é uma gibson sem amplificador
e embora tenha orgulho dos meus lovesongs
por ora, procuro o rock'n'roll.

E quem sabe mais tarde saudades minha você sinta
volta,
que tenho guardada pra você minha última canção
tenho meu blues intenso e desesperado,
tristemente esperançoso de que estará perto
quando essa turnê terminar.

♪  

domingo, 25 de julho de 2010

Hoje acordei meio-dia, meio noite...
Foi quando quis lhe (d)escrever que descobri que certas sensações não se traduzem em 26 letras e uma única cor sobre essa folha tão branca cheia de linhas tão retas.

O pão nosso de cada dia

Quando nasci,
três reis mals me presentearam com sonhos, esperanças e imaginação.
Nasci sem pai nem mãe, e me criei sozinha.
Meu corpo foi tomado feito cachaça em um gole de amargura,
sendo crucificado sem nenhuma devoção.
Andei sobre águas etílicas e atravessei muitos desertos.
Fui traída por menos que trinta moedas
e os que erraram me atiraram a primeira pedra.
Sangrei sem tentarem me matar
e após o sétimo dia não ressuscitei.
Fui morta por quem dediquei minha vida
e enquanto carregava minha cruz pedi:
"Perdoai-o, Amor, ele não sabe o que se sente."

Os sofrimentos do jovem ?

"Poderia dizer a mim mesmo: "Você é um tolo em busca daquilo que não se encontra neste mundo". Mas eu a tive; senti o coração, a alma sublime, junto dos quais eu acreditava superar-me, tornando-me tudo aquilo que serei capaz de ser. [...] O nosso convívio era uma troca constante dos mais delicados sentimentos e do mais agudo espírito. Com ela, mesmo a descortesia estava marcada com o carinho do gênio."
(Os sofrimentos do jovem Werther - Goethe)

O livro é o mesmo, mas cada leitura do mesmo livro é única. Acho que Goethe me plagiou.

sexta-feira, 18 de junho de 2010


Diferentemente das flores

Te sentes especial porque ouviste que
qualquer cousa em ti se parece
com outra qualquer na natureza.
Que tens tu do sol, das estrelas, do mar ou do ar?
Belezas inatingíveis,
veneração epistemológica.
O perfume das flores encontra-se já em pequenos e grandes frascos.
Seres a flor mais bela de um jardim
não te tornas única,
te tornas a mais bela.
Não te comparo a nenhuma cousa além de nossa compressão,
Tu és apenas uma garota com imperfeições que não há no céu ou nos mares.
Não tens a grandeza de um astro
que a todos aquece o corpo,
nem és como o ar que a todos é vital.
Tu és uma pequena parte da natureza,
e muito me agrada seu pequeníssimo tamanho,
pois assim cabes em meu colo.
Porém, se fosse comparar-te a algo que não és,
apenas como uma metáfora,
a fim de mostrar-te sensibilidade,
serias minhas bactérias,
danosas, benéficas, sobretudo, essenciais.
Serias um vírus, que ao me desestabilizar, me fortalece.
Tu serias um fungo que, silenciosamente, me devora.
E, entretanto, desejo-te profundamente:
Desejo cada ínfima maldade que, por ventura, possuas,
e minha carne cada pungente ferida que trouxeres.
Meu pequeno ponto de vida,
tens a beleza de me ser vital.

(tentativa de usar segunda pessoa, coração aberto para os possíveis erros, rs)

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Abstracionismo



Enquanto houver sazón

quinta-feira, 27 de maio de 2010

..., e .

É difícil entender.
É difícil aceitar.
É difícil mudar.
É difícil lidar.
É difícil agir.
É difíil gostar.
É difícil não gostar.
É difícil quando é fácil.
É difícil pensar.
É difícil lembrar.
É difícil esquecer.
É difícil ficar longe.
É difícil ficar mudo.
É difícil falar.
Mas eu entendo, eu aceito, eu mudo, eu lido, eu gosto, eu penso...E é difícil, mas também é fácil!
Eu lembro, eu esqueço, eu fico longe, eu fico muda, mas eu quero falar!
Só queria que você entendesse...mas é difícil...Então você não aceita, não muda, não lida, não age e não gosta. Penso se você se lembra, se você se esqueceu...Por que fica longe, Por que fica mudo?
E então eu falo..., e .
As coisas significam muito, mais do que o que tempo que duram e mais do que o nome que damos para elas.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Impressionismo

O corpo teme o tempo assim como teme a ignorância. O corpo teme a ignorância. A ignorância teme o tempo.
Não que a ignorância se perca após tantos invernos, mas a obrigam a conviver com o fato de ser sempre mal-quista. O tempo não entrega o nosso corpo à destruição isento de propósitos, o tempo protege o nosso corpo de se tornar uma estátua, um monumento. O que difere um homem de pedra são, aproximadamente, 21 gramas, para alguns: o peso da alma.
Pessoas alimentam seu corpo com sua alma. Põe todos os seus valores em curvas e esferas macias... E então se expõem ao sol para se aproximarem do ouro com sua pele dourada. Mas, essa é apenas uma maneira de se esmagar uma alma. Corpo e alma lutarão até que ambos definhem, lado a lado.
A alma alimenta-se do corpo, inevitavelmente. Dos joelhos, das cicatrizes e de um tanto de colágeno. Vejo no mundo, porém, milhares de almas anêmicas.
Revistas de moda não fazem com que eu me sinta feia, mas me fazem crer na existência de clones humanos. Horas a ver fotografias não mostram o que vejo em minutos de conversa, são nesses contatos que as almas se reconhecem.
Deve-se cuidar do corpo como quem aduba uma terra. Não esperar que a flor seja seu corpo, as flores de plástico podem durar um longo tempo, mas não possuem a beleza da transformação e da fragilidade. O corpo é a terra onde muitas coisas podem ser cultivadas. Há quem se satisfaça com uma flor de plástico, sendo essa suficiente como ornamento em uma estante. Mas, há quem cuide de um jardim e se orgulhe do que ali nasce, e jamais esquece a importância do que ali morre. Existindo um ciclo de renovação e não começos e fins esporádicos e desconexos.
A Beethoven fez-se necessário calar o mundo para que pudesse ouvir o que o fundo de sua alma sussurrava. E aquele que havia se indignado, foi surpreendido ao ouvir além do que ouvem os homens comuns.
Aceitar que o corpo definhe para que algo invisível dentro de nós seja visto pode parecer absurdo aos homens de boa visão, mas experimente ver o 'Nascer do sol' com os olhos doentes de Monet.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Tão rápido quanto um queijo derretendo

E de repente a gente encontra prazer num dia frio, no clima morno da nossa cozinha, num queijo quente, bem amarelo, derretendo...cremosamente escapando da fatia de pão.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Déjà vu

A mim me parece que todas as pessoas que eu começo a conhecer se demonstram uma versão de alguém que já conheço ou já conheci. Será que isso é apenas uma impressão, como um déjà vu?Mas se o fosse, não deveria ser tão recorrente. Será que as pessoas, no fundo, são extremamente parecidas a ponto de eu vê-las, umas nas outras? Será que fundo quem busca uma pessoa na outra sou eu? Ou será fadiga e desânimo? E de repente tudo me parece tão igual, tão sem graça, tão sem novidade? E então eu me dou conta de que, por mais que eu sempre tenha achado o "déjà vu" uma coisa impressionante e fora do real, isso é algo que deve ocorrer ocasionalmente em nossas vidas. Viver num eterno déjà vu implica viver numa eterna falta de novidade, implica uma eterna comparação entre a visão anterior e a visão presente. Quero acreditar que as pessoas não são iguais, nem mesmo muito semelhantes. Quero ver coisas novas nelas, quero que me acrescentem. Não quero comparar. Quero acreditar que o problema está, temporariamente, nos meus olhos, que buscam o já vivido na pupila alheia. E espero que, dentro em breve, eles se deem conta de que a pupila alheia tem outras coisas a oferecer, muito mais do que um trivial e enfadonho déjà vu.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O guardador de rebanhos

"Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais."


(Alberto Caeiro)

O Leitor

"Primeiro quis escrever nossa história para livrar-me dela. Mas para esse objetivo as lembranças não vieram. Então notei como a nossa história estava escapando de mim e quis recolhê-la de novo por meio do trabalho de escrever, mas isso também não destravou as memórias. Há alguns anos deixo nossa história em paz. Fiz as pases com ela. E ela retornou, detalhe após detalhe, de uma maneira redonda, fechada e direcionada que já não me deixa triste. Que história triste, pensei durante muito tempo. Não que eu pense agora que ela é feliz. Mas penso que é verdadeira e, diante disso, perguntar se é triste ou feliz é algo que não faz sentido”.

Bernhard Schlink

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Estranhos Estrangeiros

"Tudo isso, que é nada, subitamente parece tão absurdo e patético e insano e monótono e falso e sobretudo tristíssimo."

(Caio Fernando Abreu)

Traduzir-se

Perguntaram-me se eu conhecia algum poema que falasse sobre mim, vieram vários na minha cabeça, até que me decidi por esse:

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?

Na Vertigem do Dia
Ferreira Gullar

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Cobrindo de Amor

O primeiro amor é uma coisa mágica tal como descrito em filmes de romance, Se seu amor não é assim então me desculpe, não é amor. Quando o vivemos é uma experiência indescritível, é perceptível em nosso rosto tal satisfação.
O primeiro amor é um cobertor que nos envolve completamente, dos pés a cabeça, é um cobertor quentinho no inverno, e um geladinho no verão. É muito aconchegante, e tem o nosso formato se encaixando perfeitamente em cada curva de nosso corpo. É um cobertor que cobre o corpo e a alma, que cobre a tristeza e esquenta a felicidade, é igual aquele cobertor que tínhamos quando criança, tem o cheirinho que gostamos e sem ele não dormimos bem.
Mas quando perdemos este cobertor, ah meu bem! É triste, é vazio, é frio.
Então o que logo fazemos? Procuramos um novo cobertor! Afinal existem tantas pessoas procurando um bom cobertor. Se eu tive um excelente porque não posso encontrar outro? E com este pensamento nos abrimos a novos relacionamentos. E é nesta hora que percebemos a triste verdade.
Não vamos achar um cobertor igual! Podemos achar um bom cobertor que esquenta direitinho nossos pés, mas deixa nossos ombros gelado, assim não dá, o ombro ta perto do coração e coração gelado não sustenta um cobertor. Então procuramos um que nos cobre o ombro, mas a dura realidade nos mostra que ele não consegue cobrir nossos pés, e pé frio incomoda, nos deixa impaciente, e impaciência não sustenta um cobertor!
O que fazer então? Arranjar dois cobertores, um que cobre o pé e o outro que cobre os ombros. Seria muito bom, mas dá trabalho manter dois cobertores, um já é complicado, temos que lavar, secar, dobrar, manter cheiroso, de tempos em tempos dar aquele trato para ele se manter novo e nos esquentando, imagina isso com dois, mas o maior problema é quando um cobertor souber do outro, aí, já viu né!
Mas com o tempo acabamos encontrando um cobertor legalzinho, que com o passar do tempo consegue cobrir nossos pés e ombros completamente, mas aí vai faltar aquele cheirinho de infância ou qualquer outra característica daquele velho e aconchegante cobertor. Então naquela noite em que o cobertor falhar e não nos esquentar a triste lembrança vai nos penetrar e vai doer, pois o primeiro cobertor a gente nunca esquece.



L.G.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Depois eu volto

É carnaval
É hora de sambar
Peço licença ao sofrimento
Depois eu volto pro meu lugar.

Dona tristeza, dê passagem à alegria
Nem que seja por um dia
Pois respeito sua posição
Mas hoje eu reclamo com toda razão.

(Batatinha)

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Sabe aquele milho que sobra na panela e se recusa a virar um floquinho branco, macio e alegre?
Se chama piruá.
Tem muita gente piruá neste planeta.
Gente que não reage ao calor, que não desabrocha.
Fica ali, duro, triste, inútil pro resto da vida.
Não cumpre sua sina de revelar-se, de transformar-se em algo melhor.
Não vira pipoca, mantém-se piruá.
E um piruá emburrado, que reclama que nada lhe acontece de bom. Pois é...
Perdeu a oportunidade de entregar-se ao fogo, tentou se preservar, danou-se.
Com isso quero mostrar para aqueles que têm vocação para piruá que o importante na vida é reagir às emoções e não se manter frio, fechado, feito um grão de milho que não honrou seu destino...


Martha Medeiros

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Quero Mais!

Mais que poder, quero força.
Mais que sucesso, quero satisfação.
Mais que paixão, quero amor.
Mais que alegria, quero felicidade.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Quase Ilusão

Quase pus tudo a perder quando acreditei que você me traria vida ou talvez calor, que tê-lo junto a mim faria o tempo passar logo: Percebi que não. Pra vê-lo em minha mão cantei minha melhor canção, e o prêmio foi notar que fui cega e iludida.
Você partiu em meio à multidão, fiquei parada sentindo a sensação de alívio que me deu depois.

(Gram)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

2010

3 de Janeiro. Começo de um novo ano. Sentada num café. Sozinha na

mesa. Suas amigas fumam num local aberto próximo. A avenida

ainda enfeitada pela estação. Um prédio em especial lhe chama a

atenção. O futuro que é quase presente. Medo. Curiosidade.

Ansiedade. A iminência de uma mudança significativa. Aquela

avenida lhe será tão familiar. E o prédio também. Por hora, observa

com serenidade as luzes, os enfeites, que representam tanto para

tanta gente. O começo de um novo ano. Um ano que pode e vai ser

novo. Para ela e para tantos outros. Compreende a importância do

calendário: divide o tempo em anos. A esperança que se renova.

Sorri. Sozinha na mesa observando as luzes natalinas. Saudade e

Satisfação. O começo de um novo ano.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Closer

- Como um homem pode ser tão decepcionante?
- É meu charme.