quinta-feira, 11 de junho de 2009

(des)abafo

Aula chata, caderno aberto, escrevendo na última página. Até que alguém me pergunta: 'O que você tá escrevendo?'. E eu respondi: 'Só estou conversando.'
Às vezes, abrir um caderno é como abrir a mim.



Tudo que fazemos inconsciente, leva consigo um bucado da nossa consciência que desconhecemos. Me pergunto: porque na última página? O caderno talvez represente a rotina, já separei as disciplinas na seqüência que as aulas acontecem, rotina propriamente dita, e até seqüenciando a minha preferência, rotina do meu prazer íntimo. E talvez, aquilo que somente o caderno sabe escutar, não caiba na minha rotina, não naquela rotina social, somente na minha rotina introspectiva, e o meu eu que engulo, não é o mesmo que vomito. Então vejo uma organização inconsciente, escrevo do fim para o começo do caderno para que minhas rotinas não se misturem, elas não se dariam bem. Do início para o final, e do final para o início, em um momento se tangenciam, é hora de mudar de caderno. O velho eu guardo, vez ou outra me deparo com o que era pra ser findo. A rotina que (des)abafo, consome em parte a rotina propriamente dita, mas essa, só se dá conta, quando vê seu espaço tomado, e como a rotina busca o modo mais fácil de se repetir, simplesmente começa-se um caderno novo, folha em branco. Mas os antigos cadernos, fechados, podem ser abertos por um leve sopro. Faz parte da minha rotina ser desajeitada: ontem tropecei num armário e derrubei um caderno.


Ctrl+O

Nenhum comentário: