domingo, 6 de outubro de 2019

um amor vulgar


de companhia aprazível
abstruso, mas não arrevesado
franco clandestino
mas era doce e entoado.

ouvia-me as querelas com deferência
diferente, insólito e era raro
divino, danado, desmedido, desmesurado
era de quizilas ou arrebatado

como os segredos de um palimpsesto me assenhorou
inebriante, de mistérios emaranhada
inefável, vertia feito rio por encostas e morro
o desvendar era meu manifesto

mas um dia bastada de mistério
um amor vulgar me tomou
corriqueiro, cafona e caprichado
escandaloso, provinciano, mas não atamancado

chegou feito mesa posta
modesta, farta, atenciosa
de pão, manteiga e café
cheioso, amostrado, cheiro de fé

exagerado, diz que sem mim não sabe viver
brega, me canta pagode do spc
intenso, gosta de falar em sempre e nunca
me agarra, diz que serei sua única.

beca moreno
06.10.2019

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